O Fantástico da TV Globo exibiu neste domingo 12 uma matéria sobre os crescentes casos no país de sequestro de familiares de gerentes de banco
por quadrilhas de criminosos que visam o dinheiro das agências como
pagamento do resgate. Em Minas Gerais, estado que registra o maior
número das ocorrências este ano, as ações são comandadas de dentro de
presídios. A reportagem, no entanto, omite que bancários alvos dos
bandidos também são vítimas de demissões após o crime. Além disso,
mostra que o setor bancário apresenta à mídia hegemônica estatísticas
desse tipo de crime, que são desconhecidas do movimento sindical
bancário, apesar de cobradas pelas entidades representativas dos
trabalhadores, entre elas o Sindicato dos Bancários de São Paulo. Além
do sequestro de familiares de gerentes, que resulta em tortura
psicológica contra os trabalhadores, os bancos omitem também
estatísticas de outras modalidades de crimes, entre elas a chamada
“saidinha de banco”.
À TV Globo, o setor informou que desde 2017 foram registrados no país
100 casos de sequestro de familiares de bancários, onze deles apenas no
estado de São Paulo.
O secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Carlos
Damarindo, lembra que o Sindicato e a CCASP (Comissão Consultiva para
Assuntos de Segurança Privada), em reuniões com os bancos, exigem, entre
outros pontos, medidas para aumentar a segurança bancária. Ele
acrescenta que algumas ferramentas como o cofre inteligente, controlado
remotamente, impedindo que o bancário sozinho tenha acesso à abertura do
equipamento, evitariam o sequestro de gerentes e/ou de seus familiares
por criminosos.
“A Fenaban e os bancos são responsáveis pelo aumento dessa modalidade
de crime que vitimiza duas vezes os bancários. A primeira, por
criminosos que causam traumas muitas vezes irreversíveis aos
trabalhadores e seus familiares com ameaças e terrorismo. E a segunda,
causada pelos bancos, que mandam embora esses trabalhadores
culpabilizando as vítimas. Alguns bancos, inclusive, acusam
irresponsavelmente a vítima de ser comparsa dos criminosos”, salienta
Damarindo, lembrando que o setor bancário entende que os gerentes não
devem entregar o patrimônio a bandidos sem que a segurança seja
acionada.
“Os bancários vítimas de sequestro, que escolhem acertadamente, mesmo
em uma situação extrema de violência psicológica e por vezes física, a
preservação da sua vida e a de seus familiares, são demitidos por um
setor que prioriza o dinheiro que já está segurado”, acrescenta.
Segurança bancária na mesa
O Comando Nacional dos Bancários, em negociação com os bancos na mesa sobre saúde e condições do trabalho,
a terceira da Campanha 2018, reivindicou que a Fenaban (federação dos
bancos) altere a cláusula 33 da CCT, que prevê direitos a trabalhadores
que passaram por sequestro. A cláusula é válida para sequestros
consumados, mas o Comando cobrou que fosse alterada para que os direitos
sejam estendidos a vítimas de extorsão sob sequestro. Os bancos se
comprometeram a atender essa reivindicação da categoria.
A Fenaban concordou em ampliar os direitos previstos na cláusula,
como atendimento médico e psicológico logo após o ocorrido, obrigação de
registro de BO e pedido de realocação para a vítima de extorsão
mediante sequestro. Bem como a inclusão desses casos nos dados
estatísticos sobre segurança bancária.
“Aqui no Sindicato, todos os casos que atendemos de bancários vítimas
de sequestro terminaram em demissões desses trabalhadores. O que é uma
injustiça dos bancos contra os bancários, que são vítimas desses crimes.
É importante que os bancos ampliem os dispositivos de segurança nas
agências e sejam transparentes com os trabalhadores e com as suas
entidades representativas. O setor bancário está esperando acontecer uma
tragédia para tomar providências?”, questiona Carlos Damarindo.
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